Para comer com os olhos
- Areia
- 20 de mai.
- 1 min de leitura
A cultura de uma região passa, invariavelmente, pela mesa posta, pelo aroma de um preparo no fogo que aquece os laços e implanta marcas profundas na memória. Este mesmo aroma servirá, no futuro que se faz presente, de máquina no tempo a levar-nos de volta aos momentos em que éramos porvir.
Revisitar tempos passados, começando pela cozinha onde a mãe, o pai ou os avós preparavam as refeições da família, foi base para os contos que compõem parte deste projeto, uma iniciativa que resgata a memória afetiva, tanto quanto coloca luz à importância dos elos produtivos que, não raro, envolvem, além dos fatores econômicos, história, laços familiares e a cultura de comunidades de influência germânica.
A gastronomia, em sua tendência mais contemporânea, propõe inovadoras técnicas e combinações de ingredientes que buscam estimular os sentidos e promover experiências memoráveis, mas é olhando para o passado que encontramos os sabores que jamais esqueceremos, porque servidos com a essência do que somos e de onde viemos, somos capazes de reconhecer-nos e mensurar a importância do que construiu nosso caminho.
Ouvir as histórias de pessoas que têm nas mãos o poder do preparo e a alquimia que transforma ingredientes em saborosas experiências gastronômicas foi como estar à frente do fogão, escolhendo entre as panelas a mais apropriada para receber narrativas, salpicando provocações, cozinhando expectativas e harmonizando com literatura.
Minha responsabilidade era saber ouvir com ouvidos de escritor e identificar as possibilidades de narrativas. Depois, dar às histórias o sabor literário, com liberdade para incorporar fantasia. Cozinhei os contos em fogo brando durante quatro meses, está na hora de colocar à mesa.
Espero que apreciem.
Ein Toast! Prosit!
Jura Arruda
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