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Para tocar o coração

  • Foto do escritor: Areia
    Areia
  • 21 de jun.
  • 2 min de leitura

O futuro da leitura: por que os pré-adolescentes são a chave para o Brasil voltar a ler


Na mais recente edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, publicada em 2024, dados preocupantes foram divulgados: o país perdeu quase 7 milhões de leitores em um período de quatro anos. Com isso, pela primeira vez na série histórica, a proporção de não leitores superou a de leitores, com 53% dos brasileiros declarando não ter lido nenhum livro nos três meses anteriores à pesquisa. 



Allan Abuabara e a filha Ana Clara Abuabara, autores do livro "Histórias para tocar o coração"
Allan Abuabara e a filha Ana Clara Abuabara, autores do livro "Histórias para tocar o coração"

Uma informação levantada pela investigação, no entanto, pode ser alentadora: a faixa etária dos 11 aos 13 anos permaneceu inalterada, com o mesmo percentual de 2019 (81% de leitores) e apenas três pontos abaixo das pesquisas de 2011 e 2015, enquanto outras faixas etárias estão em decadência a cada nova pesquisa. 


Ainda que ela considere livros didáticos como opção de resposta, mostra que, entre os que se afirmam leitores, alunos de 5º ao 9º ano lêem quatro livros por ano, o dobro da média geral. A queda na faixa etária seguinte, também formada por alunos de Educação Básica (15 a 17 anos), entretanto, é brusca: passou de 75 em 2015 para 62 em 2024. 


Para a professora Berenice Rocha Zabot Garcia, coordenadora do curso de Letras e do Projeto Institucional de Literatura Infantil Juvenil (Prolij), da Univille, a informação de que os pré-adolescentes estão entre os maiores leitores não é surpresa. 


“Em toda a minha vida como docente, essa etapa de ensino é a que mais tem registro de professores desenvolvendo atividades para promover a leitura, e são eles os grandes responsáveis por este incentivo. Não há como controlar como a família irá influenciar, e já vi muitos casos de crianças leitoras que são filhas de pais que nunca liam. A formação do leitor é muito relativa, mas a principal referência sempre é o professor”, afirma Berenice.


Uma menina na contramão das estimativas


Na casa de Allan e Rubia Abuabara, os cuidados com os primeiros anos de vida das filhas gêmeas, Ana Clara e Mariana, tomava muito tempo, mas a contação de histórias sempre esteve presente na vida das meninas na primeira infância. Mesmo assim, Ana Clara considerava a leitura uma atividade cansativa até descobrir os livros da série Percy Jackson e se permitir ser conquistada pela literatura. 


Agora com 13 anos, tornou-se uma “devoradora” de livros, com coleções de livros juvenis como Harry Potter dividindo espaço em sua prateleira com clássicos como as histórias de Sherlock Holmes. 


“Eu leio, em média, cinco livros por mês. Às vezes, quatro ao mesmo tempo”, conta.

Ana Clara saiu do status de leitora para assumir também o de escritora: em fevereiro, lançou seu primeiro livro,  “Histórias para tocar o coração” (Editora Areia, 68p., 2025), uma coletânea de contos produzida em parceria com o pai. 


“Eu gosto de elaborar histórias. Estou sempre criando, sendo inspirada por frases que crio ou ideias que passam pela minha cabeça, e então começo a criar. Eu queria que todos pudessem ler as frases que eu criava e, agora, ter um livro publicado dá uma sensação de muita felicidade”, explica a jovem autora.


Cláudia Morriesen (texto publicado originalmente na Revista Francisca)

 
 
 

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